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A HIPERTENSËO ARTERIAL O ADOLESCENTE E A DIETA
(especial para SIIC © Derechos reservados)
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Autor:
Mion D Jr
Columnista Experto de SIIC



Artículos publicados por Mion D Jr 

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Primera edición: 7 de junio, 2021

Segunda edición, ampliada y corregida 7 de junio, 2021

Conclusión breve


Resumen



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Especialidades
Principal: Nutrición
Relacionadas: CardiologíaMedicina FamiliarMedicina InternaPediatría

A HIPERTENSËO ARTERIAL O ADOLESCENTE E A DIETA

(especial para SIIC © Derechos reservados)

Artículo completo
IntroduƒËoA hipertensËo arterial é definida pela obtenƒËo de um conjunto de medidas de pressËo arterial que possam apresentar risco é integridade do aparelho cardiovascular, rins e sistema nervoso central. NËo existem valores limítrofes precisos de pressËo arterial, acima dos quais se possa afirmar que a integridade dos órgËos - alvo esteja em risco. SËo utilizados, portanto, valores arbitrários obtidos através de estudos epidemiológicos. O «Update on the 1987 Task Force on High Blood Pressure in Children and Adolescents», 19961 apresenta uma revisËo tanto dos aspectos metodológicos da medida da pressËo arterial pediátrica como dos valores normativos recomendados. Esta nova normatizaƒËo se baseia em 10 estudos epidemiológicos de pressËo arterial pediátrica, realizados nos Estados Unidos, entre 1976 e 1991, e apresenta dados normativos de pressËo arterial pediátrica, ajustados por idade, sexo e percentil de altura, sugeridos para crianƒas de 1 a 17 anos de idade. Os percentis de altura devem ser obtidos comparando-se a estatura da crianƒa com a curva padrËo de crescimento.2 Valores normativos para pressËo sistólica e diastólica de crianƒas abaixo de 1 ano de idade podem ser obtidos do estudo Task Force, 1987.3 Para adolescentes a partir de 18 anos de idade devem ser utilizados par?metros pressóricos estabelecidos para populaƒËo adulta.4Com base nestes dados, define-se como pressËo arterial normal, medidas sistólicas e diastólicas abaixo do percentil 90 para idade, sexo e percentil de estatura. Medidas iguais ou superiores ao percentil 90 e abaixo do percentil 95 sËo consideradas valores normais altos. Caracteriza-se hipertensËo arterial a partir da obtenƒËo de medidas sistólicas e/ ou diastólicas consistentemente iguais ou superiores ao percentil 95, em pelo menos 3 ocasiões diferentes.A preval„ncia de hipertensËo arterial na faixa etária pediátrica varia de 1.2 a 13% em diferentes estudos.5 Simonatto e colaboradores6 avaliando a pressËo arterial de 1000 estudantes da Grande SËo Paulo, entre 6 e 18 anos de idade, verificaram preval„ncia de hipertensËo arterial sistólica/diastólica em 6.9% dos indivíduos estudados. Sinaiko e colaboradores,7 avaliando 14686 adolescentes, entre 10 e 15 anos de idade, quanto é medida de pressËo arterial, como parte do «Children and adolescent blood pressure program», chamam a atenƒËo para o fenŠmeno de adaptaƒËo do adolescente é medida de pressËo arterial. Neste estudo, a pressËo arterial foi medida na escola, por técnicos treinados, utilizando método auscultatório e se a primeira medida fosse superior ao percentil 70, a pressËo arterial era novamente determinada dentro de tr„s semanas. Os autores constataram queda na preval„ncia de hipertensËo sistólica e ou diastólica nesta populaƒËo de 4.2% para 1.1%, após o segundo exame. ­7É3 HipertensËo arteial essencial e fatores de risco no adolescenteA pressËo arterial sofre influ„ncias biológicas e ambientais que determinam uma grande variabilidade, entre medidas tecnicamente homog„neas, obtidas, seqüencialmente, no mesmo paciente.A influ„ncia de fatores genéticos sobre os níveis pressóricos é bem estabelecida. A hipertensËo arterial parece ser herdada de forma multifatorial. Estudos sucessivos em filhos normotensos de pais hipertensos t„m demonstrado que a pressËo arterial nestes indivíduos caracteriza-se por uma elevaƒËo precoce da pressËo sistólica e, menos importantemente, da pressËo diastólica,8-10 tend„ncia é hiperreatividade pressórica em situaƒões de estresse psicológico11 e por elevaƒões persistentes nos níveis de pressËo arterial, medidos por técnica de monitorizaƒËo ambulatorial de pressËo arterial, inclusive no período de sono.11 A persist„ncia de níveis mais altos de pressËo arterial também no período de sono sugere que a hipertensËo arterial essencial desenvolva-se primariamente como um distúrbio da pressËo arterial de repouso. Filhos normotensos de pais hipertensos manifestam tend„ncia é resist„ncia a insulina e ao hiperinsulinismo anteriormente ao desenvolvimento de hipertensËo arterial, ao ganho excessivo de peso ou é instalaƒËo de redistribuiƒËo centrípeta de gordura corpórea. Estas alteraƒões os tornam susceptíveis é dislipidemia,12,13 obesidade e, eventualmente, ao diabetes mellitus nËo-insulino-dependente. Há dados que sugerem, nesta populaƒËo, a exist„ncia de uma «vasculopatia» representada por uma hiperreatividade vascular é noradrenalina e é angiotensina II, em vig„ncia de concentraƒões plasmáticas normais destas subst?ncias,14 e por uma elevaƒËo compensatória insatisfatória do fator natriurético atrial, vasodilatador endógeno e modulador fisiológico da natriurese, frente a um aumento da ingestËo de sódio ou a um incremento agudo de volume extracelular.15,16 Estas alteraƒões explicariam a tend„ncia ao aumento de massa ventricular esquerda encontrada em filhos normotensos de hipertensos, provavelmente como reflexo de adaptaƒËo estrutural ao aumento multifatorial dos níveis pressóricos.17 Miyao e Furusho18 estudando longitudinalmente populaƒões de várias regiões do JapËo, sugeriram que o desenvolvimento de hipertensËo arterial em geraƒões futuras depende igualmente de aspectos genéticos e ambientais. Dentre os múltiplos fatores ambientais que parecem influenciá-la, destacam-se: o conteúdo de sódio, potássio e cálcio da dieta, a ingestËo de álcool e o peso do paciente.As evid„ncias sobre um possível papel do conteúdo de sódio da dieta, sobre os níveis de pressËo arterial em humanos, derivam, principalmente, de estudos epidemiológicos. O estudo do «Intersalt Cooperative Study Group»19 avaliou 10079 homens e mulheres de 20 a 59 anos, em 52 centros de diversos países, através de medida de pressËo arterial e análise de eletrólitos na urina, comprovando uma associaƒËo significativa entre excreƒËo urinária de sódio e a ascensËo dos níveis pressóricos, com o avanƒar da idade. OLIVER e colaboradores,20 avaliaram a excreƒËo urinária de sódio da populaƒËo Yanomami e detectaram valores médios de 1 mEq de sódio/dia, com níveis médios de pressËo arterial de 107/67 mm Hg no homem e 98/62 mm Hg na mulher, na faixa ­7É3 etária de 40-49 anos. Estudos posteriores, em índios brasileiros que mantiveram intactos seus hábitos de vida na selva, dentre eles a nËo adiƒËo de sal é dieta, confirmam aus„ncia de elevaƒËo de pressËo arterial com a idade e de hipertensËo arterial nestas populaƒões.21,22 Povos nËo aculturados, sem antecedentes de hipertensËo arterial, sofrem elevaƒËo dos níveis de pressËo arterial23 quando adotam estilos aculturados de vida e aumentam a ingestËo de sódio. Como a ingestËo exagerada de sódio é freqüente no mundo ocidental, o fato de que somente 20% da populaƒËo, em média, desenvolve hipertensËo, sugere, que além dos fatores ambientais envolvidos, exista uma sensibilidade variável do ser humano ao sódio. Esta hipótese foi confirmada em sucessivos estudos, nos quais pacientes normotensos e hipertensos foram submetidos a provas curtas de sobrecarga de sal, notando-se que, em ambos os grupos, só parte dos pacientes reagia com elevaƒËo da pressËo arterial.24 Aqueles cujos níveis de pressËo arterial sofrem elevaƒËo de 10% ou 10 mm Hg, foram chamados sódio-sensíveis, enquanto os demais, foram denominados sódio-resistentes.25 Weinberger e colaboradores,26 definem sódio-sensibilidade como uma diminuiƒËo da pressËo arterial, de pelo menos 10 mm Hg, após 24 horas de dieta com 10mEq de sódio, durante as quais tr„s doses orais de furosemide foram administradas. Por este critério, os autores encontraram 50% de sódio-sensibilidade, em indivíduos hipertensos e 25%, em normotensos. A dieta atualmente ingerida, fruto da industrializaƒËo, é, além de rica em sódio, pobre em potássio. Isto se deve aos métodos modernos de processamento alimentar que promovem adiƒËo de sódio e remoƒËo concomitante do potássio intrínseco aos alimentos. Na dieta usual, somente 15% do sódio é adicionado, voluntariamente, aos alimentos sendo o restante adicionado durante o processamento alimentinados sódio-resistentes.25 Weinberger e colaboradores,26 definem sódio-sensibilidade como uma diminuiƒËo da pressËo arterial, de pelo menos 10 mm Hg, após 24 horas de dieta com 10mEq de sódio, durante as quaisar industrial.27Múltiplos estudos epidemiológicos sugerem que a preval„ncia de hipertensËo varia inversamente com o conteúdo de potássio da dieta.28,29 Kaplan e colaboradores30 demonstraram melhora dos níveis pressóricos de pacientes hipertensos, com hipopotassemia diurético-induzida, após suplementaƒËo oral de potássio. Sucessivos estudos epidemiológicos t„m sugerido uma correlaƒËo negativa entre a ingestËo de cálcio na dieta e níveis de pressËo arterial.31-33 A baixa ingestËo de cálcio parece predispor é hipertensËo arterial, principalmente, se associada a dietas com alto conteúdo de sódio e baixo conteúdo de potássio.34 Gilman e colaboradores,35 confirmaram a exist„ncia de uma relaƒËo inversa entre cálcio dietético e pressËo sistólica, em um estudo de coorte de 89 crianƒas, de ambos os sexos, entre 3 e 6 anos de idade. Os autores nËo encontraram nenhuma relaƒËo entre cálcio e pressËo diastólica. Em outro trabalho, Gilman e colaboradores,36 avaliaram o efeito da suplementaƒËo de cálcio é dieta de escolares, de ambos os sexos, com idade média de 11 anos, por 12 semanas. Foram estudadas 101 crianƒas através de medidas seriadas de pressËo arterial e avaliaƒËo da ingestËo alimentar. O cálcio foi suplementado de forma randomizada, duplo cega, no suco de ­7É3 frutas. A reduƒËo pressórica encontrada no grupo suplementado foi significativa, somente para pressËo sistólica e apresentou intensidade inversamente proporcional ao conteúdo de cálcio da dieta das crianƒas. Grobee e Hofman37 avaliaram os efeitos da suplementaƒËo de cálcio versus placebo, em 90 pacientes com hipertensËo leve, entre 16-29 anos de idade. Durante o seguimento, o grupo suplementado apresentou queda maior da pressËo diastólica do que o grupo placebo. A queda de pressËo foi mais intensa em pacientes com níveis basais mais altos de PTH, níveis séricos de cálcio mais baixos e naqueles com peso corpóreo mais elevado. Jovens normotensos, com dois, um ou nenhum progenitor hipertenso, foram avaliados quanto ao metabolismo de cálcio pelo «Dutch Hypertension and Offspring Study». Demonstrou-se que alteraƒões no metabolismo de cálcio estËo presentes, desde a fase inicial da hipertensËo essencial, podendo inclusive preced„-la. Níveis relativamente reduzidos de cálcio sérico, associados a elevaƒËo do PTH intacto plasmático, foram encontrados em filhos de pais hipertensos. Estas alteraƒões podem constituir a base genética da hipertensËo cálcio-sensível.38A associaƒËo entre hipertensËo arterial e obesidade é há muito conhecida. Dados do «Second national health and nutrition examination survey», Nhanes II,39 demonstraram, na populaƒËo geral pesquisada, um risco tr„s vezes maior de hipertensËo arterial em obesos. Neste estudo, obesidade foi definida como índice de massa corpórea acima de 27.8 kg/m2 para homens e maior que 27.3 kg/m2 para mulheres. O maior risco relativo por faixa etária, foi encontrado entre adultos jovens, nos quais a presenƒa de obesidade está 5,6 vezes mais associada ao achado de hipertensËo arterial. Kannel e colaboradores,40 demonstraram entre os participantes do estudo de Framingham, que tanto os níveis pressóricos iniciais, como o desenvolvimento futuro de hipertensËo arterial, mostraram-se relacionados ao peso inicial e é mudanƒa de peso ao longo do período de estudo. O risco de indivíduos inicialmente normotensos desenvolverem hipertensËo arterial foi diretamente proporcional ao grau de obesidade adquirido. Lauer e colaboradores,41 acompanharam 2445 escolares, de 7 a 18 anos, da cidade de Muscatine, Iowa, com medidas bianuais de peso, estatura, prega cut?nea tricipital e pressËo arterial, entre outras, repetidas posteriormente, aos 20 e 30 anos de idade. De acordo com os dados deste estudo, a pressËo arterial do adulto correlaciona-se com a pressËo arterial da crianƒa, com seu peso e com o ganho no índice de massa corpórea observado entre a inf?ncia e a idade adulta. Demonstrou-se também, neste estudo, que meninos acima de 12 anos e meninas acima de 14 anos, com antecedentes familiares positivos para hipertensËo arterial, apresentam níveis pressóricos sistólicos e diastólicos mais elevados do que aqueles sem familiares hipertensos. O excesso de peso é um promotor importante de hipertensËo arterial agindo através do aumento da atividade simpática e da sensibilidade ao sal.42 O peso ao nascimento parece ser outro determinante dos níveis futuros de pressËo arterial. Law e colaboradores,43 estudando 404 crianƒas de 4 anos de idade, cujas condiƒões de nascimento eram conhecidas, puderam constatar que nesta populaƒËo, a pressËo ­7É3 sistólica encontrada foi inversamente proporcional ao peso de nascimento e diretamente proporcional ao peso da placenta. Curhan e colaboradores,44 avaliando 160000 enfermeiras participantes do «Nurses Health Study», demonstraram que, nesta populaƒËo a ocorr„ncia de peso de nascimento inferior a 2500 gramas se associou a um risco 40% maior de desenvolvimento de hipertensËo na idade adulta.Yamamoto-Kimura e colaboradores45 avaliaram 1146 adolescentes da Cidade do México, através de um questionário para identificaƒËo de fatores de risco para o desenvolvimento futuro de hipertensËo arterial. Os autores puderam demonstrar associaƒËo significativa entre a positividade de antecedentes familiares de obesidade, diabetes mellitus e hipertensËo e níveis mais elevados de pressËo sistólica e diastólica nos adolescentes estudados («odds ratio» = 2.45). AssociaƒËo igualmente significativa foi encontrada em adolescentes femininas usuárias de contraceptivos orais. O adolescente brasileiro e a dietaComo parte de um estudo de monitorizaƒËo ambulatorial de pressËo arterial em adolescentes saudáveis brasileiros,46 realizamos, através de recordatório alimentar de 24 horas, a avaliaƒËo dietética dos participantes, no sentido de buscarmos uma compreensËo dos hábitos alimentares desta faixa etária em nosso meio. Foram avaliados 45 adolescentes de 10-18 anos, sendo 27 do sexo feminino e 18 do sexo masculino, em seguimento no Ambulatório da Unidade de Adolescentes do Instituto da Crianƒa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de SËo Paulo, que preencheram os seguintes critérios de inclusËo: ää A. adolescentes com peso e estatura situada entre percentis de peso e altura iguais ou maiores do que 5 e iguais ou menores do que 95;2 ää B. aus„ncia de antecedentes pessoais de doenƒa crŠnica; ää C. sem uso crŠnico de hormŠnios e medicaƒões antiinflamatórias, anticonvulsivantes, anti-histamínicas, broncodilatadores, digitálicos e hipotensoras. ää D. adolescentes entre 10 e 17 anos: valores de pressËo arterial sistólica e diastólica abaixo do percentil 90 para idade e sexo e percentil de altura;1 adolescentes com 18 anos completos: valores de pressËo arterial sistólica e diastólica abaixo de 140/90 mm Hg, respectivamente. ää E. consentimento verbal do adolescente.A ingestËo alimentar foi avaliada através de método quantitativo utilizando recordatório de 24 horas.47 Esta técnica se baseia em perguntar ao paciente sobre o tipo e a quantidade em medidas caseiras de alimentos ingeridos nas últimas 24 horas. Os dados obtidos foram analisados quanto ao conteúdo calórico total, glicídico, lipídico, proteico e de sódio, potássio e cálcio48 com o auxílio de programa de computador, elaborado pelo Centro de Informática em Saúde - Escola Paulista de Medicina (CIS-EPM), versËo 2.5, que permitiu a comparaƒËo dos totais obtidos, com os valores estabelecidos pela «Recommended Dietary Allowances», RDA , 1989.49 O conteúdo de sódio da dieta foi calculado levando-se em conta o sódio intrínseco ao alimento somado équele adicionado ­7É3 no processo de industrializaƒËo. NËo foi possível avaliar a quantidade de sal adicionada durante a cocƒËo e é mesa. A escolha da metodologia de recordatório de 24 horas para avaliaƒËo nutricional da dieta, foi motivada por sua praticidade e relativa precisËo para estimar o conteúdo médio de nutrientes. Arbitrou-se que, quando o aporte dietético de um nutriente específico fosse inferior a 2/3 do recomendado, este seria qualificado como inadequado.50 No presente estudo, a idade dos pacientes do sexo feminino, variou entre 11.1 e 18.0 anos, com média de 15.0±1.9 anos e mediana de 15 anos, e nos pacientes masculinos, entre 10.6 e 17.8 anos, com idade média de 14.3±2.0 e mediana de 14 anos. A análise da casuística quanto é cor revelou 32 brancos (71%), 13 do sexo masculino e 19 do sexo feminino e 13 (29%) mulatos e negros, 5 do sexo masculino e 8 do sexo feminino. Presenƒa de hipertensËo arterial em familiares de primeiro grau foi positiva em 20 pacientes (44%), com relato de 12 casos de hipertensËo materna isolada (27%), 5 casos de hipertensËo paterna isolada (11%) e 3 casos de hipertensËo materna e paterna (6%). Antecedentes familiares de hipertensËo arterial foram relatados por 12 (37.5%) adolescentes brancos e por 8 (61.5%) adolescentes negros e mulatos. A alta preval„ncia de hipertensËo arterial verificada em familiares de primeiro grau neste estudo, apesar de nËo ter sido por nós confirmada através de exame físico dos familiares, pode significar que adolescentes, de alguma maneira sensibilizados com o problema da hipertensËo arterial, por viv„ncia ou simples menƒËo da doenƒa no ?mbito familiar, apresentaram maior motivaƒËo ou curiosidade em participar de um estudo de medida de pressËo arterial. A Tabela 1 resume as características da casuística quanto é idade, peso, altura e índice de massa corpórea, em ambos os sexos. (INSERTAR TABELA 1; ES UN CUADRO DE 11 FILAS × 5 COLUMNAS) A tabela 2 apresenta a análise dos recordatório nutricionais de 24 horas quanto é ingestËo calórica total. conteúdo protéico e aporte de cálcio. potássio e sódio, representada em relaƒËo é porcentagem do recomendado para idade e sexo.49 A ingestËo protéica média em gramas por quilo de peso foi, no sexo feminino e masculino respectivamente, igual a 1.2±0.6 e a 1.7±1.2. O aporte médio de sódio intrínseco é dieta correspondeu, em miligramas, a 1028.0±493.2 no sexo feminino e a 1317.8±444.8 no sexo masculino. O aporte médio de potássio da dieta correspondeu, em miligramas, a 1634.9±797.9 no sexo feminino e a 1970.6±823.7 no sexo masculino. O conteúdo de cálcio, em miligramas, correspondeu a 487.9±278.9 no sexo feminino e a 576.7±309.4 no sexo masculino. O gráfico 1 mostra a contribuiƒËo do conteúdo protéico, dos lípides e dos carboidratos, para o aporte calórico global, em %, no sexo feminino e no sexo masculino. (INSERTAR TABELA 2; ES UN CUADRO DE 13 FILAS × 5 COLUMNAS) (INSERTAR GRAFICO 1) ­7É3 A análise da composiƒËo dietética identifica neste estudo, vários pontos de interesse. Apesar de estarmos lidando com adolescentes saudáveis, verifica-se nesta casuística, em ambos os sexos forte tend„ncia a ingestËo calórica média limítrofe baixa. Sabe-se, que pode haver prejuízo de crescimento quando a ingestËo calórica for persistentemente abaixo de 70% do recomendado para idade e sexo.51 Portanto, é possível, que se a populaƒËo por nós estudada fosse exposta a valores maiores de aporte energético talvez pudesse alcanƒar par?metros antropométricos melhores.O consumo de proteínas recomendado pela «Recommended Dietary Allowances», ediƒËo de 1989,49 para a faixa de idade entre 11 e 14 anos é de 1.0 g/kg para ambos os sexos, e de 0.9 e 0.8 g/kg, respectivamente, para sexo masculino e feminino. entre 15 e 18 anos de idade. Esta sugestËo se refere nËo somente ao conteúdo protéico em si mas. também, ao aporte de aminoácidos essenciais nele contido. SËo privilegiadas, portanto, proteínas de alto valor biológico (carne, leite, ovos e peixe). O aporte protéico médio encontrado nesta casuística é, aparentemente satisfatório em ambos os sexos, mas de acordo com dados nacionais publicados por Marchini e colaboradores52, quantidades variáveis de arroz e feijËo presentes em nossa dieta, introduzem a necessidade de utilizaƒËo de proteínas de origem vegetal, de valor biológico menor, és vezes como fonte protéica principal, elevando a quantidade de proteínas necessária para manter o aporte de aminoácidos essenciais e o balanƒo nitrogenado adequado para crescimento e desenvolvimento. A contribuiƒËo relativa média de proteínas, gorduras e carboidratos na dieta dos adolescentes estudados foi semelhante em ambos os sexos. 15-18% do aporte calórico tem origem protéica, 36-38 % é proveniente de lípides e 44-49% de carboidratos. Martins e colaboradores53 estudaram 565 indivíduos residentes na cidade de Cotia, SËo Paulo, com o objetivo de identificar hábitos alimentares aterog„nicos em nosso meio. Os autores verificaram que trabalhadores braƒais masculinos mostraram tend„ncia a ingestËo de grande quantidade de calorias de origem protéica, lipídica e de carboidratos. A proporƒËo de lípides e proteínas animais da dieta, era diretamente proporcional ao poder aquisitivo, enquanto que, o conteúdo de carboidratos era inversamente proporcional ao mesmo. A proporƒËo média de energia proveniente de gorduras foi, nesta casuística, próxima do proposto por recente consenso americano para prevenƒËo precoce de hiperlipidemia,54 que sugere que menos de 30% do aporte calórico global da dieta da crianƒa acima de 2 anos e do adolescente originem-se de lípides.Outro dado que merece comentário relaciona-se ao baixo aporte de cálcio constatado pela análise dos recordatórios, em média, abaixo de 50% do recomendado, em ambos os sexos. Estudos experimentais tem sugerido que a restriƒËo do aporte dietético de cálcio pode provocar aumento no nível plasmático de catecolaminas55 e estímulo ao sistema adrenérgico em ratos.56 A suplementaƒËo de cálcio, por outro lado, leva é normalizaƒËo dos níveis periféricos e centrais de catecolaminas.57 HormŠnios reguladores do nível plasmático de cálcio, dentre eles o paratŠrmonio, a 1,25 di-hidroxi-vitamina D, a calcitonina e o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, apresentam também ­7É3 propriedades vasoativas, podendo estar associados a um mecanismo controlador de pressËo arterial cálcio-induzido.58 A suplementaƒËo de cálcio é especialmente eficiente na reduƒËo dos níveis de pressËo arterial em situaƒões sódio-volume-dependentes. O mecanismo que talvez explique este fenŠmeno é a natriurese induzida por cálcio, anteriormente atribuída a uma interaƒËo cálcio-sódio com inibiƒËo da reabsorƒËo de sódio a nível do túbulo proximal.59 Entretanto, o efeito atenuador da suplementaƒËo de cálcio sobre o sistema nervoso simpático facilitaria a excreƒËo de sódio, pois a ativaƒËo da inervaƒËo simpática renal aumenta a absorƒËo de sódio e água.60 Sucessivos estudos epidemiológicos t„m sugerido uma correlaƒËo negativa entre a ingestËo de cálcio na dieta e níveis de pressËo arterial.31-33 A baixa ingestËo de cálcio parece predispor é hipertensËo arterial, principalmente, se associada, como nos adolescentes presentemente estudados, a dietas com alto conteúdo de sódio e baixo conteúdo de potássio.34 O conhecimento destes dados de literatura, reforƒa nossa preocupaƒËo sobre o potencial desenvolvimento de hipertensËo arterial nestes jovens ainda normotensos, principalmente se nos reportarmos ao fato de que 44% destes, referem antecedentes familiares de hipertensËo. A quantidade ingerida de cálcio apresenta influ„ncia positiva significativa sobre o conteúdo mineral e a densidade de todos os ossos.61 O acúmulo de cálcio no osso, na pré-adolesc„ncia, é de aproximadamente 140 mg por dia, chegando a atingir 400 a 500 mg por dia durante a puberdade. Estima-se que o trato gastrintestinal seja capaz de absorver cerca de 40% do cálcio ingerido. O pico da massa óssea do adulto parece ser atingido aos 20 anos de idade. Portanto, a manutenƒËo de um aporte ótimo de cálcio na inf?ncia e na adolesc„ncia é de máxima import?ncia para a aquisiƒËo de massa óssea adequada na idade adulta. Estudos recentes de balanƒo de cálcio em adolescentes indicam que o limiar de ingestËo de cálcio estaria entre 1200 e 1500 mg por dia, sugerindo que o aporte dietético neste nível levaria a picos mais elevados de massa óssea.62 Em nosso meio, de Angelis e colaboradores,63 estudando os efeitos da adiƒËo de arroz e feijËo é dieta e a bio-disponibilidade de nutrientes nela contidos, concluíram que os mesmos, dependendo das proporƒões em que forem consumidos, podem afetar, além do balanƒo proteico, também a absorƒËo de cálcio e de zinco. Estudos populacionais em adolescentes femininas entre 12 e 19 anos de idade tem revelado que a ingestËo média de cálcio, neste segmento populacional, é inferior a 900 mg por dia.62 As adolescentes avaliadas no presente estudo apresentaram níveis médios de aporte inferiores a 500 mg/dia, se esta tend„ncia for confirmada em avaliaƒões dietéticas futuras, sua massa óssea final poderá estar sendo seriamente comprometida.A avaliaƒËo do consumo de sódio dos adolescentes desta casuística foi realizada somando-se o sódio intrínseco aos alimentos ao adicionado no preparo industrial. NËo foi possível calcular a quantidade de sódio adicionado durante a cocƒËo dos alimentos e é mesa. Sabe-se, de estudos populacionais, que para uma estimativa mais correta da ingestËo de sódio de indivíduos com hábitos alimentares variados, deve-se associar ao inquérito alimentar a mensuraƒËo de sódio em urina de 24 horas.64 Esta medida nËo fez ­7É3 parte de nosso protocolo de investigaƒËo pois fugiria aos objetivos principais do trabalho e dificultaria a adesËo do adolescente ao protocolo de monitorizaƒËo de pressËo arterial. Merece, no entanto, comentário, que a ingestËo de sódio calculada a partir dos recordatórios alimentares destes adolescentes já se mostra elevada, mesmo sem se levar em conta o sal de adiƒËo voluntária, confirmando as tend„ncias esperadas para indivíduos inseridos nos hábitos alimentares ocidentais. O consumo de potássio da populaƒËo estudada mostrou-se em média equivalente a 84% do recomendado, valor este isoladamente adequado, porém relativamente baixo quando comparado é ingesta de sódio, em média, nËo considerando o sal de adiƒËo, de 206% do recomendado.Em conclusËo, este estudo apesar de restrito, aponta para a necessidade de considerarmos modificaƒões dietéticas como reduƒËo do conteúdo salino, incremento do conteúdo de cálcio e provavelmente também do de potássio, como medidas necessárias tanto para prevenƒËo primária como para o tratamento nËo farmacológico da hipertensËo arterial em nosso meio, também na populaƒËo pediátrica. Sabe-se, no entanto, que nesta faixa etária, modificaƒões dietéticas a longo prazo sËo de aceitaƒËo irregular como demonstra o estudo de Sinaiko e colaboradores65 no qual 210 adolescentes com medidas pressóricas sistólicas acima do percentil 70 para idade e sexo, foram convidados a participar de um programa de 3 anos para estudo dos reflexos a longo prazo da reduƒËo do conteúdo de sódio da dieta ou da suplementaƒËo de potássio na forma de cápsulas, sobre os níveis de pressËo arterial. A ader„ncia obtida foi maior nas adolescentes femininas para qualquer tipo de intervenƒËo sugerida, assim como no grupo selecionado para suplementaƒËo de potássio em relaƒËo équele orientado para restriƒËo dietética de sal. A intervenƒËo alterou significativamente os níveis de pressËo arterial ao longo do seguimento somente para adolescentes femininas. Na prática clínica diária, devemos considerar o controle da obesidade também como medida necessária é prevenƒËo primária e ao manejo nËo farmacológico da hipertensËo arterial na populaƒËo pediátrica brasileira. A obesidade nËo foi abordada no presente estudo realizado com populaƒËo eutrófica, mas apresenta preval„ncia crescente na populaƒËo brasileira, em todas as faixas etárias, entre homens e mulheres, principalmente em famílias de baixa renda.66*************************** (TABELA 1; ES UN CUADRO DE 11 FILAS × 5 COLUMNAS) (TITULO)Tabela 1. DescriƒËo geral da casuística quanto é idade, peso, altura e índice de massa corpórea (IMC), no sexo masculino e feminino.(FILA 1)Mínimo Máximo Mediana Média±DP ­7É3 (FILA 2)Sexo feminino(FILA 3)Idade (anos) 11.1181515.0±1.9 (FILA 4)Peso (kg)40.669.849.550.4±7.7 (FILA 5)Altura (cm)148169157157.5±5.8(FILA 6)IMC (kg/m2)1625.220.520.4±2.3(FILA 7)Sexo masculino(FILA 8)Idade (anos)10.617.81414.3±2.0 (FILA 9)Peso (kg)31.073.747.949.8±12.8(FILA 10)Altura (cm)138.5178164159.8±13.0 ­7É3 (FILA 11)IMC (kg/m2)14.523.518.719.2±2.6**************************** (TABELA 2; ES UN CUADRO DE 13 FILAS × 5 COLUMNAS)(TITULO)Tabela 2. Valor Calórico Total (VCT) da dieta, aporte protéico (AP), conteúdo de cálcio (Ca), potássio (K) e sódio (Na), representados em percentuais do recomendado (RDA, 1989), em 45 adolescentes normais, do sexo masculino e feminino.(FILA 1)MínimoMáximoMedianaMédia±DP (FILA 2)Sexo feminino(FILA 3) VCT231386772.3±26.7(FILA 4)AP18259120128.7±52.3 (FILA 5)Ca6983541.5±23.0(FILA 6)K292027184.0±37.7(FILA 7)Na ­7É3 41441197206.4±97.5(FILA 8)Sexo masculino(FILA 9)VCT331036667.7±18.2(FILA 10)AP38392169177.2±79.9(FILA 11)Ca121164549.3±26.5(FILA 12)K461758998.5±41.1(FILA 13)Na96418273263.6±89.0************************* (GRAFICO 1)(TITULO)Gráfico 1. ContribuiƒËo relativa média do componente protéico (Prot), lipídico (Lip) e dos carboidratos (CH) no aporte calórico global, em ambos os sexos.(PEGOTES)%60300 ­7É3 ProtLipCHMasculinoFeminino**************************


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