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MORDEDURAS E ACIDENTES COM ANIMAIS DOMÉSTICOS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
(especial para SIIC © Derechos reservados)
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delciampo.gif Autor:
Luiz Antonio del Ciampo
Columnista Experto de SIIC



Artículos publicados por Luiz Antonio del Ciampo 

Recepción del artículo: 4 de octubre, 2001

Aprobación: 22 de octubre, 2001

Primera edición: 7 de junio, 2021

Segunda edición, ampliada y corregida 7 de junio, 2021

Conclusión breve
O estudo demonstra a importância de conhecer a prevalência e algumas características relacionadas aos acidentes com animais domésticos, para direcionar esforços no sentido de promover programas educativos para a população.

Resumen



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Especialidades
Principal: Infectología
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MORDEDURAS E ACIDENTES COM ANIMAIS DOMÉSTICOS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

(especial para SIIC © Derechos reservados)

Artículo completo
ResumoObjetivo. Conhecer a prevalência e algumas características relacionadas aos acidentes com animais domésticos, atendidos em uma unidade de saúde.Métodos. Trata-se de um levantamento retrospectivo de todos os casos de acidentes com animais domésticos atendidos na unidade D. Pedro I do Centro de Saúde Escola do Ipiranga, em Ribeirão Preto (SP), no período de 1993 a 1997, acometendo crianças de 0 a 15 anos de idade. Em cada atendimento eram registradas informações em uma ficha padronizada, existente no próprio serviço, de onde foram retirados alguns dados para o estudo.Resultados. Foram registrados 453 casos sendo acometidos 60.3% crianças do sexo masculino e 39.7% do feminino. As faixas etárias mais acometidas foram 5 a 10 anos (38.8%) e 10 a 15 anos (33.9%). Os locais do corpo mais atingidos foram os membros inferiores (26.7%), membros superiores (26.5%), extremidades-mão/pé (19.1%) e cabeça/pescoço (18.5%). Os acidentes foram provocados pelas vítimas em 43.2% dos casos. 86.5% das crianças receberam tratamento específico com vacinas e/ou soro. 97.6% dos casos receberam alta e não houve nenhum óbito.Conclusões. Os dados demonstram a importância de se direcionar esforços no sentido de promover programas educativos para a população, como conhecer os hábitos dos animais domésticos, o modo de lidar com eles e de que maneiras podem ser evitados estes acidentes.Descritores. Prevenção de acidentes, mordeduras por animais, puericultura. Abstracts.Objetive. To know the incidence and some characteristics of pet accidents taken care at a Health Care Center.Methods. It is a retrospective survey of all cases of pet accidents taken care at D. Pedro I unit of School Health Care Center of Ipiranga, at Ribeirão Preto (SP), between 1993 to 1997, among children aged 0 to 15 years. The information was recorded in a standard file card of the Health Care Center and some data was studied in this paper.Results. 453 pet accidents was recorded with male children (60.3%) and female (39.7%). The ages more attacks had been 5 to 10 years (38.8%) and 10 to 15 years (33.9%). The more reached parts of body had been lower members (26.7%), upper members (26.5%), hand/foot (19.1%) and head/neck (18.5%). 43.2% of the accidents had been provoked by the victms and 86.5% of the attacked children had received specific vaccination and therapy. 97.7% of the cases are discharge and there was no fatal cases.Conclusions. It is necessary to develop and implant preventive programs about risks and the gravity of the inadvertent contact with pets, that can take accidents with serious consequences.Key words. Accident prevention, pet bites, child health care. IntroduçãoOs acidentes na infância, de modo geral, têm se constituído em importante causa de morbi-mortalidade em todo o mundo, despertando o interesse da comunidade de trabalhadores na área da saúde no sentido de seu amplo entendimento, com a finalidade principal de elaborar e implantar ações preventivas eficazes. Dentre os principais tipos de acidentes na infância, aqueles que envolvem animais domésticos, destacadamente os cães, são objeto de grande preocupação em virtude da possibilidade da transmissão da raiva, doença gravíssima que, na quase totalidade dos casos, leva ao óbito. Estima-se que nos EUA ocorram mais de 1 milhão de mordeduras caninas ao ano, com cerca de 750.000 casos de maior gravidade,1 sendo que cada caso que requer atendimento médico custa em torno de US$ 270.00, gerando uma despesa anual de mais de 200 milhões de dólares.2 Ressalte-se que tais dados podem estar subestimados em virtude da não notificação dos casos tidos como de menor importância e gravidade, que acabam recebendo apenas atendimento no próprio domicílio. No Brasil, no período de 1979 a 1996, foram registrados 899 óbitos por raiva, sendo 451 (50.16%) em crianças e adolescentes de 0 a 15 anos de idade.3É sabido que crianças e adolescentes na faixa etária de 1 a 15 anos, principalmente aquelas de menor tamanho, estão sujeitas a altos índices de acidentes previníveis, dentre eles as mordeduras animais. A atuação preventiva poderá ser mais bem elaborada e implementada quando forem conhecidos os diversos fatores envolvidos na ocorrência desse tipo de acidente. Nos últimos anos, através da mídia, tomamos conhecimento de um número crescente de acidentes envolvendo cães tidos como domesticados, cuja função deveria, antes de ser companheiro do homem, aumentar ou preservar sua segurança. Com os índices de criminalidade e violência aumentando em todos os níveis da sociedade, cada vez mais o homem procurará proteger a sí próprio, sua família e seu patrimônio, recorrendo ao uso dos cães de guarda ou de grande porte. Este trabalho tem como objetivo conhecer a prevalência e algumas características relacionadas aos acidentes com animais domésticos, atendidos em uma unidade básica de saúde.Material e métodosO trabalho consiste em um levantamento retrospectivo dos casos de acidentes por contato com animais domésticos atendidos na unidade D. Pedro I do Centro de Saúde Escola do Ipiranga, na cidade de Ribeirão Preto (SP), que é um serviço de atendimento médico em nível primário vinculado à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Os dados foram obtidos das fichas de arquivos existentes no serviço e padronizadas pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, incluindo, no estudo, todos os pacientes com idades entre 0 e 15 anos que tiveram algum tipo de contato com animais domésticos no período de 01/01/1993 a 31/12/1997. No protocolo de estudo constaram as informações: idade da vítima, sexo, espécie de animal agressor, condição clínica e vacinal do animal, tipo do acidente, local do corpo acometido, se a ocorrência foi acidental ou provocada, conduta tomada e evolução do caso. Nenhuma análise estatística foi realizada pois o estudo abrangeu toda a população de crianças acidentadas com animais domésticos atendida na unidade de saúde no período proposto. O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética e Pesquisa do Centro de Saúde Escola do Ipiranga. ResultadosDurante o período de estudo foram registrados no serviço um total de 769 casos de acidentes com animais domésticos, sendo que destes, 453 (58.9%) acometeram crianças e adolescentes na faixa etária de 0 a 15 anos. Foi considerado como acidente toda forma de contato que, de alguma maneira, pudesse trazer algum tipo de risco para o ser humano, tais como mordeduras, arranhaduras e/ou lambeduras. A tabela 1 apresenta a distribuição dos tipos de contato ocorridos com os animais.(INSERTAR LA TABELA 1)Os 453 casos distribuiram-se entre 273 meninos (60.3%) e 180 meninas (39.7%). As faixas etárias mais acometidas foram 5 a 10 anos com 176 casos (38.8%), 10 a 15 anos com 154 casos (33.9%) e 1 a 5 anos com 123 casos (27.2%), conforme pode ser observado na tabela 2. Não houve nenhum caso envolvendo crianças menores de 1 anos de idade.(ISERTAR LA TAABELA 2)A tabela 3 apresenta os locais do corpo mais atingidos pelos animais. Respectivamente foram atingidos os membros inferiores em 131 pacientes (26.7%), os membros superiores em 130 vezes (26.5%), seguidos por mãos/pés em 94 casos (19.1%), cabeça /pescoço em 91 casos (18.5%) e tronco em 45 casos (9.9%). Deve-se destacar que algumas crianças foram atingidas em mais de um local do corpo.(INSERTAR LA TABELA 3)No tocante à intencionalidade, podemos observar que dos 453 acidentes verificados documentou-se que 252 deles (55.6%) foram realmente acidentais, 196 (43.2%) foram provocados pelas vítimas enquanto que em 5 casos (1.1%) essa informação não constava nas fichas. Em 262 casos (57.8%) os animais eram conhecidos de suas vítimas.376 crianças receberam vacina anti-rábica (83%), 61 (13.5%) foram apenas observadas clinicamente e outras 16 (3.5%) receberam tratamento com vacinas e/ou soro específicos. A evolução dos casos mostrou 442 crianças recebendo alta (97.6%), 5 (1.1%) abandonando o seguimento e outras 6 (1.3%) sem documentação completa.Os cães foram os animais que predominaram como agressores, totalizando 412 (91%) casos, seguidos por gatos em 35 casos (7.7%), coelhos (3; 0.6%), macacos (2; 0.4%) e rato (1; 0.2%).Com relação `a condição de saúde do animal encontrou-se 288 vacinados (63.5%) e 165 não vacinados (36.4%) ou com estado vacinal desconhecido. Especificamente quanto aos cães, 22.7% não eram vacinados e 87.4% deles eram conhecidos de suas vítimas.No momento do acidente 393 animais (86.7%) estavam aparentemente sadios, 14 (3.1%) demonstravam estar doentes, enquanto que em outros 46 casos (10.1%) essas informações não foram registradas devido ao desaparecimento do animal ou pelo fato deste ter sido morto logo após o acidente. DiscussãoOs dados levantados mostram que cerca de 60% dos casos de acidentes com animais domésticos registrados na unidade de saúde no período de cinco anos ocorreram com crianças e adolescentes de 0 a 15 anos de idade. Foram acometidos mais os meninos que as meninas, fato que se repete na literatura e com vários outros tipos de acidentes. O sexo masculino, devido principalmente às suas atividades mais intensas e vigorosas, à maior liberdade, movimentação e espaço social e que utilizam como áreas de lazer além do quintal de suas casas, as ruas, praças e locais públicos, tem, portanto, maiores oportunidades de entrar em contato com animais domésticos de modo geral.4-11O acometimento principalmente dos membros superiores e inferiores que, se somados aos casos onde os pés e mãos foram atingidos, atingem 78.3% , mostra que em muitos casos a criança poderia estar interagindo com o animal no momento do acidente. A pequena estatura das vítimas, a imaturidade dos reflexos e sua tentativa de defesa e/ou fuga as expõem com muita facilidade aos ataques principalmente dos cães, que muitas vezes não distinguem quando a criança está brincado com eles ou os provocando.12,13O achado de 43.2% de acidentes provocados pelas vítimas destaca a importância de se conhecer as características do comportamento do animal que convive no mesmo ambiente que o ser humano, seus hábitos e quais as maneiras mais seguras de se interagir com eles. Isso torna-se ainda mais importante quando se observa que em 57.8% dos acidentes o animal era conhecido das crianças e adolescentes e, em muitos casos, vivendo no mesmo domicílio.14,15Embora muitas vezes o comportamento da criança não seja provocativo, algumas atividades do dia-a-dia como gritar, pular, correr, jogar futebol e andar de bicicleta, por exemplo, podem assim parecer e irritar ou assustar os animais, o que levaria a alterações no seu comportamento, tornando-os agressivos. Tais conhecimentos vêm corroborar que um trabalho educativo pode beneficiar um grande número de vítimas potenciais, ensinando o homem a lidar mais adequadamente com o temperamento e instinto dos animais, tornando a convivência menos perigosa.6,7,9,12,13Observou-se também que 36.4% dos animais em geral e 22.7% dos cães não eram vacinados, o que resulta em uma grande parcela de animais expostos ao risco de contrair raiva e transmití-la, principalmente através de sua mordedura, para o homem. Faz-se necessário aqui que tanto os criadores de animais quanto o poder público assumam suas responsabilidades no sentido de estender a cobertura vacinal dos animais domésticos e controlar os animais errantes, reduzindo os riscos para toda a comunidade.392 crianças (86.5%) receberam tratamento específico com vacinas e soro anti-rábicos. Tais procedimentos podem ser traduzidos em alto custo financeiro para aquisição e aplicação desses produtos, além de expor os pacientes aos possíveis riscos dos tratamentos. Merece ser considerado ainda que as sequelas psicológicas oriundas em função da agressividade a que foi exposta a vítima infantil, necessitando tratamento e apoio especializados por períodos prolongados, o afastamento das atividades escolares e, eventualmente, a ausência no trabalho dos pais que cuidam dessas crianças acidentadas, também podem ser traduzidos em custo econômico e social muitas vezes incalculáveis.O conjunto das observações deste estudo mostra que é preciso desenvolver um trabalho educativo com as crianças, os pais e a população em geral, conscientizando todos sobre os riscos e a gravidade deste tipo de acidente, destacando-se que a prevenção é possível de ser realizada e apresenta resultados altamente satisfatórios. Medidas de proteção como registro e vacinação em massa dos cães, controle dos cães errantes ou de rua, prevenção e/ou tratamento de outras moléstias que possam ser transmitidas pelos animais ao homem e a notificação de todos os casos de acidentes deste tipo e não apenas dos mais graves, dependem da difusão de conhecimentos, educação da população e atitudes de responsabilidade dos cidadãos.16-18Se, por um lado, os médicos têm cada vez mais se tornado eficientes no tratamento dos acidentes principalmente por mordeduras animais, baixando os índices de mortalidade, por outro lado devem, certamente, estar falhando no aspecto preventivo, na correta orientação dos pacientes e de seus responsáveis, estimulando-os a aprender sobre os animais domésticos e seus hábitos, como criá-los e como conviver com eles no domicílio. Bibliografía1. Patrick GR , O`Rourke KM. Dog and cat bites: Epidemiologic analyses suggest different prevention strategies. Public Health Rep 1998; 113:252-257.2. 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